sexta-feira, 8 de agosto de 2014

Capítulo 2 (Parte II)




(Essa é apenas uma segunda parte, mas no original está como uma só)


A outra aeromoça era uma loira, com os cabelos quase tão claros que pareciam brancos. Usava maquiagem demais, assim como bijuterias.

         - Olá! Meu nome é Julia, está tudo bem? –Ela perguntou com um sorrisinho horrível, forçado o suficiente para parecer que ela não queria estar ali.
         - Sim... –Eu dei um sorrisinho fraco.
        
         Depois, ela começou a falar sobre maquiagem e moda, não prestei atenção e ela não percebeu que eu tinha colocado os fones de ouvido. Fiquei na primeira música mesmo, só para parar de escutar ela.

         Depois de umas três horas escutando (ou não) Julia falar sobre seu namorado “perfeito”, chamaram ela e uma aeromoça mais velha, devia ter uns quarenta anos, ficou em seu lugar. Ela nem me cumprimentou, não falou seu nome, apenas se sentou e começou a ler um jornal.
        
         Ela ficou até depois do jantar, o que me fez ler as quinhentas revistas de milhões de anos atrás do avião. Milene finalmente voltou, sorridente como antes.

         - Olá, Alexandra! –Ela se sentou na cadeira.
         - Oi... aquela Julia não tem nada pra fazer, não? – Perguntei rápido, e depois arrependi, será que ela é amiga da loirinha? Mas ela riu do mesmo jeito engraçado e repondeu:
         - Além de contar sobre o namorado dela e de contar onde comprou suas maquiagens caras? Não sei, acho que não!! –Eu não pude deixar de rir –E a do jornal?
         - Uma que lê o mesmo jornal quinhentas vezes e nem “se lembra” de cumprimentar as pessoas? –Ela confirmou com a cabeça –Eu tive que ficar com ela também!!
         - Uma dica muito boa para quando estiver Bendlerwood: A floresta é péssima para as aulas, mas algumas são obrigatoriamente nela. Então, aja como se estivesse perdida lá dentro, aí vai saber como se virar!
         - O que? –Não entendi nada com nada e... Uma floresta? Em Nova York?
         - Só ouça... quando chegar lá vai entender! –Abri a boca para fazer mais uma pergunta, mas Julia chamou novamente Milene. De novo, não saberia o significado de algo estranho que ela me falou.

         Apertei o play do MP3, que estava desligado. Começou a tocar uma música que há muito tempo eu não ouvia: Airplanes, do B.o.B e da Hayley Williams. Quando comecei a cantar o refrão alto, ouvi:

         - Para de falar alto, menina! –Era a moça do jornal, com uma revista de tricô na mão. Desliguei o som.
         - Desculpa. –Falei séria. Ela se sentou e começou a ler a revista, enquanto eu ligava novamente o MP3 e cantava baixinho –“Can we pretend there airplanes in the night sky are like shooting stars? I could really use a wish right now, a wish right now, a wish right now...”

         Eu fiz uma apresentação de dança com essa música quando tinha dez anos. Eu fazia aula de dança naquela época, mas todo ano eu mudava. Tia Odete achava que “não era aquilo o meu talento especial”, e me colocava em outra atividade. Eu concordava, era até divertido.
        
         - Ei, garota! Vou precisar dizer novamente para falar baixo? –A aeromoça chamou minha atenção novamente, mas eu me defendi, afinal, nem estava cantando mais!
         - Eu não estava cantando!
- Estava há alguns minutos! –Ah não, não mesmo! Não vai ser chata assim justo comigo! Tirei os cintos e levantei, séria. Falei ainda assim com ela:
         - Olha aqui, moça! Ser muito mal educada passa, ignorante também, assim como nem falar comigo! Agora, chamar minha atenção por coisas que não estou fazendo não! –Ela fechou a cara e retrucou:
         - Mocinha, não se atreva a falar assim comigo! Sua mãe não te deu educação, não? –Dei um sorrisinho debochado, de raiva.
         - Para sua informação, minha mãe sumiu, desapareceu, foi teletransportada com pó de pirlimpimpim, quando eu tinha uns seis anos!
         - E qual a parte do “Respeite os mais velhos” que ela não ensinou? –Ela deu o mesmo sorriso debochado que eu tinha dado antes.
         - Acontece que minha tia me ensinou que esse ensinamento só serve para adultos suficientemente educados! –Ela fechou a cara. Olhei em volta e percebi que mais da metade do avião olhava para nós.
         - Está insinuando que sou mal educada? –Ela perguntou pausadamente e séria. Arrumei coragem e desafiei:
         - Não, eu estou é afirmando!
         - Duvido! Fui muito bem educada! –As outras aeromoças chegaram, tentando apartar o que poderia ser uma briga –Loirinha, eu sou mal educada? –Ela perguntou a Julia, com expressão intimidadora. A loira confirmou com a cabeça, rapidamente –Morena, você aí! –Ela apontou para Milene que atendia um passageiro, e se virou rapidamente –Eu sou mal educada? –Ela ficou quieta e baixou o olhar alguns segundos, mas logo respondeu, sem medo:
         - Sim, senhora, e isso não é opinião minha! Temos muitas reclamações dos passageiros! –A mulher parecia chocada com o tom sincero de Milene.
         -Ora, mas eles não tem experiência alguma! Não sabem o que é trabalhar em um avião e....
         -Não, elas não sabem. Nem sonham... Mas tem coragem suficiente para reclamar de uma aeromoça como a senhora! –Ficou séria a morena. A mais velha se calou e saiu de perto. As demais voltaram ao seu trabalho, os passageiros desviaram o olhar e Milene voltou a trabalhar também.


         Não antes de me mandar um sorriso e desejar “Boa Sorte!”.

2 comentários:

  1. Oii, você gostaria de participar do concurso que estou fazendo no meu blog?
    Se quiser, dá uma passadinha lá.
    Beijos Gio.
    http://filhadalua-aordemdosguardioes.blogspot.com/
    Ps: o capítulo ficou ótimo ;)

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    Respostas
    1. Olá, Giovanna!

      Vou ver se consigo participar, tenho muuuuita coisa para escrever aqui e muito pouco tempo!!

      Que bom que gostou do capítulo!!!

      PS: Poderia dar uma olhadinha em meu outro blog? girlslayouts.blogspot.com

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